terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo

“Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo.”
(João; 1:17)

http://www.aeradoespirito.net/ArtigosFM/A_BOA_NOVA.html

A revelação mosaica (Velho Testamento) está separada da Boa Nova, (Novo Testamento) esculpida por Jesus, por um período de várias décadas, e sem infringi-la, Ele a amplia e lhe concede novos prismas, depurando-a, porque declarou: “Não pensais que vim destruir a lei ou os profetas; não vim destruí-los, mas dar-lhes cumprimento” (Mateus; 5:17).

“As traduções vulgares trazem ‘cumprir’, o que não seria nada de extraordinário, já que todos nós viemos cumprir a lei (...). Todavia o verbo plêrôsai (do grego) significa “completar”.(01)

Deu Jesus, perante Pilatos, testemunha da verdade, apanágio de qualquer revelação divina, ao declarar: “Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz.” Retruca Pilatos então: “Mas o que é a verdade?” (João; 18: 37, 38)

Revelar é descobrir, retirar os véus, e os que impediam-no de ver a verdade, que estava bem ali à sua frente, não se encontravam, entretanto, próximas ao olhar do nazareno, mas colados a seus próprios olhos. São os mesmos que, às vezes, se grudam nos nossos e como diz o adágio popular, “o pior cego é o que não quer ver”.

O evangelho de Jesus é um legado para a humanidade, um jardim de flores inesgotáveis e quanto mais nele penetrarmos, mais iremos perceber os seus aromas, os seus viços e os seus matizes.

Jesus é a nossa centelha divina, a “Luz do Mundo”, estrela-guia cujo esplendor nos alumbrou com o cintilo de suas parábolas, para irradiar as letras do Velho Pergaminho a se refletirem nos jardins de nossas vidas, e nós, espíritas, conhecedores destas palavras do Mestre, temos especial responsabilidade na interpretação e no cumprimento de seus ensinamentos, porque “a quem muito foi dado, muito será exigido.” (Lucas; 12: 47 e 48)

A primeira revelação, mosaica, foi apropriada para a época e para o povo, ao qual se destinou, desvelou, como profeta, a existência de um Deus único, promulgou a lei do Sinai e nos deu as bases da verdadeira fé.(02)

Na Boa Nova, a Segunda Revelação, efetuou Jesus o burilamento da primeira, dando-lhe “o verdadeiro sentido e adaptando-a ao grau de adiantamento dos homens.” (03)

Separa o que é divino, os Mandamentos, do que é de Moisés, sua legislação.

“A expressão ‘a lei e os profetas’ exprime o Antigo Testamento, que é o símbolo da personagem terrena; o Novo Testamento é o Reino de Deus, que é o campo da Individualidade. Moisés legislou para a personalidade terrena; Jesus para a individualidade espiritual. O reino da personalidade durou até João, que foi o maior ‘entre os filhos de mulher’, ao passo que Jesus é o ‘Filho do Homem’. (...) Até João ainda vigoravam os preceitos para a personalidade, que perderam sua razão de ser nesse nível, porque foram completados e aperfeiçoados pela vinda de Jesus, que os elevou, para aplica-los e adapta-los à individualidade. (...) A lei mosaica foi escrita para a personagem transitória, e portanto transitória ela mesma.” (04)

Recapitulemos assim, no Novo Testamento:

“Ouviste o que foi dito: olho por olho, dente por dente. Eu, porém vos digo (...) a qualquer um que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra” (...) “amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelo que vos perseguem.” (Mateus; 5: 38, 39, 43 e 44)

Materializemos isto, no episódio do apedrejamento da adúltera: “Então os escribas e fariseus lhe trouxeram uma mulher que fora surpreendida em adultério e, pondo-a de pé diante do povo, - disseram: ‘Mestre, esta mulher acaba de ser surpreendida em adultério; ora - Moisés, pela lei, ordena que se lapidem as adúlteras. Qual sobre isto a tua opinião?’ (João; 8: 3-11) A parábola é por deveras conhecida e quando Jesus pergunta: "Mulher onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? Responde ela: Ninguém Senhor. Então lhe disse Jesus: Nem eu tampouco te condeno; vai e não peques mais" (João;8: 3-11). Fica bastante claro que Ele, nestas últimas citações, contrariou a lei mosaica e expandindo o amor, lhes deu os desfechos pertinentes à Boa Nova.

Confere, assim Jesus, novos prismas à Divindade. Descortina o Deus da Paz e nos mostra que “o Pai demonstra o desejo incondicional do bem, que é o amor, para toda a criação. Fomos criados para a felicidade, a glória e a luz; esse é o determinismo divino!” (06)

Não um Deus cruel, terrível, ciumento, vingativo e implacável, “que rega a terra com o sangue humano, que ordena o massacre e o extermínio dos povos, sem excetuar as mulheres, as crianças e os velhos, e que castiga aqueles que poupam as vítimas; já não é um Deus injusto, que pune um povo inteiro pela falta de seu chefe, que se vinga do culpado na pessoa do inocente, que fere os filhos pela falta dos pais; mas um Deus clemente, soberanamente justo e bom, cheio de mansidão e misericórdia, que perdoa o pecador arrependido e dá a cada um segundo as suas obras”. (...) Já não é o Deus que quer ser temido, mas que quer ser amado”. (02) Para o “nosso” Deus, que é “um só Deus, e Pai de todos” (Efésios; 4: 6), não há faltas irremissíveis, e Jesus não iria proclamar que perdoemos setenta vezes sete, isto é, sempre, se Deus, infinitamente bom e misericordioso não fizesse o mesmo.

A Boa Nova está toda esculpida no amor e para amplia-lo, Jesus sintetiza os dez mandamentos, em apenas dois: Amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo e acrescenta: “Destes dois mandamentos depende toda lei e os profetas.” (Mateus; 22: 37-40) Amar a Deus, se amar e amar ao próximo, eis os objetivos da segunda revelação, porque quem não se ama, não pode amar ao próximo como a si mesmo, consistindo, esta última afirmação, destacada em negrito, a regra áurea do Cristianismo.

Jesus, na escultura de seu Evangelho, também nos deu testemunho da imortalidade, da comunicabilidade e da evocação dos Espíritos, evidentes na seguinte passagem:

 “(...) tomou Jesus consigo a Pedro, a Tiago e a João, e os levou em particular a um alto monte. E foi transfigurado diante deles. (...) E lhes apareceu Elias com Moisés, e estes falavam com Jesus.(...) E veio uma nuvem que os envolveu; e delas saiu uma voz dizendo: Este é meu filho dileto; ouvi-o”. (Marcos; 9: 2-8)

Este episódio no Tabor, Jesus desvelou-se; “foi o monte da comunhão espiritual no seu sentido mais elevado” (07) desenvolvendo Ele uma reunião mediúnica histórica.

“João representou os profetas; Jesus é a Graça e a Verdade, que recebeu no Tabor os testemunhos da Lei, pelo Espírito de Moisés, e da profecia, pelo Espírito de Elias”. (08)

Asseverou-nos Jesus, Governador deste planeta: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém pode ir ao Pai, senão por mim”. (João 14; 6)

Ele nos apontou o caminho, o amor; a verdade - o seu Evangelho; e, a vida; que é a conseqüência de nossa reforma íntima, a evolução moral de nosso Espírito imortal, na busca incessante da felicidade, que só será conseguida calcando-se nas premissas anteriores, e para a qual nos criou nosso Pai Amoroso.

Reafirmamos assim, que não pode haver justiça divina sem reencarnação, sendo este, um processo não punitivo, mas educativo, concedido por Deus, que nos criou simples e ignorantes, na certeza de que pela nossa evolução espiritual, através de reencarnações sucessivas neste nosso mundo e na pluralidade dos mundos habitados, todos alcançaremos a perfeição e a felicidade. Todos, porque Ele mesmo ensinou que: “das ovelhas que meu Pai me confiou, nenhuma se perderá”. (Mateus: 18:14)

Jesus refere-se à reencarnação em várias passagens de seu evangelho. Pincemos apenas duas.

“Não existe um modo mais contundente e categórico para afirmar que João Batista tem a mesma identidade espiritual de Elias. (...) Elas foram proferidas pelo próprio Jesus em duas ocasiões diferentes, e de duas maneiras também diferentes.” (09)

Falando de Elias, dizia Jesus: “Eu, porém, vos declaro que Elias já veio, e não o reconheceram, antes fizeram com ele tudo quanto quiseram. (..) Então os discípulos entenderam que lhes falara de João Batista”. (Mateus;17:10-13). E em outra passagem, referindo-se agora a João Batista: “E se o quereis reconhecer, Ele mesmo é Elias, que estava para vir. Quem tem ouvidos (para ouvir) ouça” (Mateus; 11: 7, 11-14)

No colóquio com Nicodemos Jesus testifica sobre a vida material e espiritual: “Ninguém pode ver o Reino de Deus, senão nascer de Novo. Perguntou-lhe aquele: ‘Como pode um homem nascer sendo velho? Porventura pode entrar no ventre de sua mãe e nascer?’ Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, o que é nascido do Espírito é Espírito. É vos necessário nascer de novo”. (João; 3: 1-15)

Referindo-se à Casa do Pai, qualquer pessoa pode alcançar que, Deus não seria pródigo a criar esta imensidão de astros inutilmente e, por isso, não o fez. Afinal, só na nossa Via Láctea, existem mais de cem bilhões de estrelas, e no universo visível mais de um septilhão delas, trilhões de planetas, cada um com suas características de habitabilidade, conforme a evolução dos Espíritos, que variam ao infinito e, evoluindo sempre, eles jamais serão contemplativos ou preguiçosos.(10) As moradas são a pluralidade dos mundos habitados, como afirmou Jesus: “Não se turbe o vosso coração. Credes em Deus, crede também em mim. Há muitas moradas na casa do Pai; se assim não fosse, eu vos teria dito, pois me vou para vos preparar o lugar”. (João; 14:1-3)

Jesus não só luariza a primeira revelação, mosaica, mas anuncia o que seria a terceira revelação, o Espiritismo, porque Moisés iniciou o caminho, Jesus depurou a obra, e a Doutrina Espírita lhe dá continuidade perene. “Se me amais guardai os meus mandamentos; e eu rogarei ao Pai e ele vos enviará outro Consolador, a fim de que fique eternamente convosco; O Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber porque o não vê e absolutamente o não conhece. Mas, quanto a vós, conhecê-lo-eis, porque ficará convosco e estará em vós. Porém O Consolador, que é o Santo Espírito, que meu Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará recordar tudo o que vos tenho dito.” (João; 14: 15 a 17 e 26)

Jesus nos legou a Carta Magna no Cristianismo, no “Sermão da Montanha” e como foi dito e exemplificado no seu divino evangelho, como no Gólgota, Ele vivenciou todos os ensinamentos que enunciou. Plantando nos nossos corações as sementes do amor, nos ensinou também a semear, e recordemos ainda que, como igualmente nos instrui a doutrina espírita, “a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória”.

BIBLIOGRAFIA
(01)PASTORINO, Carlos Torres. Sabedoria do Evangelho, Grupo Editorial SPIRITVS,  Rio de Janeiro,1966,
vol. 2, pg. 137.
(02) KARDEC, Allan, A Gênese, Ed. FEB, Rio de Janeiro, 1980, 24ª ed., pg. 24, Rio de Janeiro.
(03) KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, Ed. FEB, Rio de Janeiro, 1955,111ª ed., pg.55).
(04) PASTORINO, Carlos Torres: Sabedoria do Evangelho, Grupo Editorial SPIRITVS,  Rio de Janeiro,1966,
vol. 6, pg. 32-33..
(05) FONSECA, Mauro Paiva,  Amar a Deus sobre todas as coisas, Reformador, maio/2003, pg.25(183), Rio de
 Janeiro.
(06) HOFFMANN, Ricardo Ronzani, Mundo Espírita, Os Três Montes. maio/2003, pg 02. Curitiba, Paraná.  
(07) SCHUTEL, Caibar, Parábolas e Ensinos de Jesus, Casa Ed. “O Clarim”, Matão, SP, 13ª ed., 1993, pg. 170.
(08) CHAVES, José Reis, A Reencarnação Segundo a Bíblia e a Ciência, Ed. Martin Claret Ltda., 2ª ed., 1998,
pg.82-83.
(09) MOREIRA, Fernando Augusto, Kardec e a Fidelidade Doutrinária, Reformador, abril/2004, pg.8 (126)

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