quarta-feira, 10 de abril de 2013

Involução e evolução


Involução e evolução

Segundo as tradições, o processo completo de evolução ou "desdobramento" nunca poderia ter ocorrido sem um processo prévio de involução ou "dobramento." Não só não se pode explicar o mais alto em termos do mais baixo, como também o mais alto não emerge, de fato, do mais baixo; mas o contrário é verdadeiro, de acordo com as tradições. Isto é, as dimensões ou níveis mais baixos são realmente sedimentos ou depósitos das dimensões mais altas, e descobrem seu significado por causa das dimensões mais altas, das quais são uma versão diluída ou de nível inferior. Este processo de sedimentação é chamado de "involução" ou "emanação." Segundo as tradições, antes que a evolução ou desdobramento do Espírito possa acontecer, a involução ou o dobramento do Espírito deve ocorrer: o mais alto sucessivamente decai para o mais baixo. Deste modo, os níveis mais altos parecem emergir dos níveis mais baixos durante a evolução - por exemplo, a vida parece emergir da matéria - porque, e só porque, ambas foram primeiramente lá sedimentadas pela involução. Você não pode conseguir o mais alto a partir do mais baixo a menos que o mais alto já esteja lá, em potencial - dormindo, por assim dizer - esperando para emergir. O "milagre da emergência" é simplesmente o jogo criativo do Espírito nos campos de sua própria manifestação.
Portanto, para as tradições, o grande jogo cósmico começa quando o Espírito se exterioriza, por esporte e divertimento (lila, kenosis), para criar um universo manifesto. O Espírito se "perde", "esquece" de si próprio, assume uma fachada mágica de diversidade (maia), a fim de criar uma grande brincadeira de esconder consigo mesmo. Inicialmente, o Espírito se projeta para criar a alma, a qual é um reflexo diluído e um degrau abaixo do Espírito; a alma, então, desce para a mente, uma reflexo ainda mais pálido da glória radiante do Espírito; em seguida, a mente desce para a vida, e a vida desce para a matéria, que é a forma mais densa, mais baixa, menos consciente do Espírito. Poderíamos representar isto como: O Espírito-como-espírito desce para o Espírito-como-alma, que desce para o Espírito-como-mente, que desce para o Espírito-como-corpo, que desce para o Espírito-como-matéria. Estes níveis do Grande Ninho são todos formas do Espírito, mas essas formas tornam-se cada vez menos conscientes, cada vez menos cientes de sua Origem e Qüididade (Rubrica: filosofia.
Entre os escolásticos, essência ou natureza real de algo), 
cada vez menos sensíveis à sua Essência eterna, embora nada mais sejam do que o Espírito-em-jogo.
Se representarmos os principais estágios emergentes da evolução como (A), (A + B), (A + B + C), e assim por diante - onde os sinais de adição significam que algo está emergindo ou sendo adicionado à manifestação - então podemos representar a involução como o prévio processo de subtração: o Espírito começa íntegro e completo, com todas as manifestações contidas potencialmente em si mesmo, que podemos representar em colchetes: [A + B + C + D + E]. O Espírito dá o primeiro passo na manifestação - e começa a perder-se na manifestação - desprendendo-se da natureza espiritual pura e assumindo uma forma manifesta, finita, limitada - isto é, a alma [A + B + C + D]. A alma agora esqueceu "E," ou sua identidade radical com e como Espírito; com a confusão e ansiedade resultantes, a alma foge deste terror descendo para a mente [A + B + C], que esqueceu "D," seu esplendor de alma; e a mente foge para a vida, esquecendo "C," ou sua inteligência; e, finalmente, a vida perde sua vitalidade vegetativa "B" e surge como a matéria "A", insenciente, inanimada, - neste ponto, algo como o Big Bang acontece, quando então a matéria explode na existência concreta e parece existir em todo o mundo manifesto apenas matéria insenciente, inanimada, morta.
Mas, curiosamente, esta matéria é ativa, não é mesmo? Não parece ficar deitada, aproveitando o seguro- desemprego, assistindo TV. Incrivelmente, esta matéria começa a dar-se corda: "ordem a partir do caos" é como a física da complexidade chama isto - ou estruturas dissipativas, ou auto-organização, ou transformação dinâmica. Mas os tradicionalistas foram mais diretos: "Deus não permanece petrificado e morto; as pedras clamam e elevam-se na direção do Espírito," como afirmou Hegel.
Em outras palavras, de acordo com as tradições, uma vez que a involução aconteceu, então a evolução começa ou pode começar, movendo-se de (A) para (A + B), para (A + B + C), e assim por diante, com cada principal passo emergente nada mais sendo do que um desdobramento ou lembrança das dimensões mais elevadas que foram secretamente dobradas ou sedimentadas nas mais baixas durante a involução. Aquilo que foi desmembrado, fragmentado e esquecido na involução é relembrado, reunido, inteirado e percebido durante a evolução. Daí a doutrina da anamnese, ou "recordação" platônica e vedântica, tão comum nas tradições: se a involução é um esquecimento de quem você é, a evolução é uma recordação de quem e o que você é - tat tvam asi: você é Isto. Satori, metanóia, moksha, e wu são alguns dos nomes clássicos para esta realização.
Os escritos de Wilber são evolucionários do início ao fim. A metáfora que melhor encaixa suas idéias é o modelo da escada (embora nos últimos anos ele tenha aperfeiçoado suas visões tanto que, atualmente, prefere a metáfora do rio).
De acordo com Wilber, a evolução tem um componente interior que não é facilmente descoberto pela ciência convencional. A ciência estuda as formas exteriores da vida e conclui que a evolução é basicamente uma questão de complexidade física. Mas a filosofia esotérica acrescenta uma dimensão interior: a evolução é também uma questão de aumento de profundidade e qualidade. Isso pode ser ilustrado graficamente no diagrama abaixo:

Intuição
  
  
  
  
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Mente
  
  
  
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Emoções
  
  
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Vitalidade
  
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Matéria
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  x
 

minerais
plantas
animais
humanos
místicos

Essencialmente todos os princípios de desenvolvimento que Wilber descreve podem ser ilustrados por esse diagrama dos reinos da natureza. As plantas transcendem os minerais, assim como os animais transcendem as plantas, os humanos transcendem os animais e os místicos transcendem os humanos. Mas as plantas também incluem os minerais (elas têm um corpo físico), assim como os animais incluem as plantas ("vitalidade"), assim como os humanos incluem os animais (têm sentimento), e os místicos incluem os humanos (têm senso crítico).
Não há nada sobre esse diagrama que sugere a idéia de opressão ou desvalorização, como aqueles que se opõem à idéia de desenvolvimento hierárquico geralmente pensam; é simplesmente a forma que a Natureza funciona.
Na verdade, essa é uma visão inspiradora do desenvolvimento da vida e da mente. Entretanto, como a mente PODE reprimir as emoções, os humanos podem também abusar dos animais e da natureza em geral. Esse é um infeliz problema que deveria ser evitado a todo custo, embora a compreensão sobre o mecanismo da evolução não pode ser abandonada. Em doutrinas menos conhecidas da filosofia de Wilber está a idéia da involução. Nessa visão, estágios elevados podem ocorrer APÓS estágios mais básicos, mas isso não significa que são totalmente CAUSADOS por eles. Isto não é nada senão o materialismo. A filosofia esotérica afirma que quando a involução precede a evolução, o movimento inverso do espírito para a matéria. Sem a involução, a evolução é um processo instável de novas realidades "emergentes" constantes; com a involução, é um processo compreensível do grande movimento da Vida.
Na visão esotérica, o Espírito se manifesta na matéria e agrega todas as camadas de corpos "físicos" – isso foi muito bem elaborado no Neoplatonismo -- até alcançar o nadir da existência no plano material. A partir desse momento, o Espírito se move para cima novamente, transcendendo todas as camadas, até retornar ao seu ponto de partida no Divino. Essa grande visão efetivamente contraria a visão popular de que nós perdemos o Espírito em algum ponto nos primeiros anos de nossas vidas, quando nos tornamos adultos racionais. Esse romantismo é um exemplo da falácia pré-trans.
                        A grande síntese – o porquê da involução-evolução.
Wilber, rumo a uma teoria geral dos campos de energia
Queda e salvação, Ubaldi
O projeto Atman cap. Final
Pastorino apostila 1

Retirado do Blog Fábio Pires

http://fabiopiresv.blogspot.com.br/2011/07/jornada-da-evolucao-consciente-1.html

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