segunda-feira, 20 de junho de 2011

Jairo e Hemorroíssa - Saião

Ainda neste caso, o da hemorroíssa, a cura  Jesus a operou, como em todos os outros, unicamente pelo poder magnético de que dispunha.  Envolto sempre em fluídos vivificantes e reparadores, Ele os distribuía, sempre que oportuno, pelos que de tais fluídos necessitavam. Foi, em suma, como nos demais, um efeito de combinações fluídicas, que ainda ignoramos, porque ainda não nos achamos capazes de compreender a natureza dos fluídos, seus efeitos e suas propriedades de ação, conhecimento a que só chegaremos, mediante a nossa depuração moral.

Os efeitos curativos que a medicina obtém dos minerais e vegetais de que se utiliza, no tratamento das enfermidades humanas, são devidos aos fluídos, dotados de propriedades terapêuticas, de que se acham saturados os aludidos vegetais e minerais, fluídos idênticos aos que, como inúmeros outros, se acham espalhados  na atmosfera terrena, sem que os homens lhes suspeitem a existência. Pois bem, desses mesmos fluídos é que se servia Jesus. Conhecendo-os todos, bem como as combinações de que são passíveis, ele não precisava recorrer às substâncias que os contêm. Pela ação exclusiva da sua vontade, reunia os que eram aplicáveis ao caso ocorrente, lançava-os sobre o enfermo e a cura se operava. Essa a explicação da mulher que, tocando-o, ficou livre do fluxo sangüíneo de que sofria.

Quanto à filha de Jairo, todos a tinham por morta, tanto que à porta da casa estavam flautistas a tocar os seus instrumentos, como era de uso entre os Hebreus e o é ainda nalguns lugares do nosso país, em os quais se costuma tocar música nas casas onde morreu alguém. Aquela morte, porém, era apenas aparente; tratava-se exclusivamente de um desses casos de catalepsia profunda, em que, de par com a suspensão de todos os sentidos e a cessação de todos os movimentos, há rigidez e aspecto cadavéricos, ausência absoluta de pulsações, de respiração e de calor, e tão completa insensibilidade física,  que nenhuma impressão causam as mais fortes pancadas. A menina se achava, em suma, num desses estados catalépticos, que nem os mais hábeis profissionais da medicina logram distinguir da morte real. Vê-se, portanto, que era apenas aparente a sua morte. Embora fosse extremo o desprendimento do Espírito que habitava aquele corpo, ele a este se conservava ligado por um tênue cordão fluídico — o do perispírito, coisa que os homens não podem ver e que, na época, ignoravam. Sabia-o, porém, Jesus e, porque o sabia, chamou, com a suprema autoridade que lhe dava a sua excelsitude espiritual, o Espírito da suposta morta, ordenando-lhe que volvesse à sua prisão carnal.

E a menina despertou, fato que, como era natural da parte de quantos a tinham por morta, foi considerado uma ressurreição, portanto, um milagre, visto que o julgavam impossível. Como esse, foram todos os milagres que Jesus operou. Em nenhum houve mais do que um fenômeno absolutamente natural, apenas regido por leis naturais que os homens desconheciam e, na sua generalidade, ainda desconhecem, mas das quais chegarão um dia a ter conhecimento perfeito, tanto que Ele não hesitou em afirmar: Fareis as mesmas obras que eu faço e outras ainda maiores. (JOÃO, 14, 12.)

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