domingo, 15 de maio de 2011

RESSURREIÇÃO DA FILHA DE JAIRO



"Enquanto assim lhes falava, veio um chefe da sinagoga e adorava-o, dizendo: Neste momento acaba de expirar minha filha; mas vem, põe tua mão sobre ela e levantando-se, o foi seguindo com seus discípulos. "Quando Jesus chegou à casa do chefe da sinagoga, vendo os tocadores de flauta e a multidão em alvoroço, disse: Retirai-vos, pois a menina não está morta, mas sim dormindo. E riam-se dele. Mas retirada a multidão, entrou Jesus, tomou a menina pela mão e ela se levantou. E a fama deste fato correu por toda aquela terra. " (Mateus, IX, 18-19 e 23-26)

"Tendo Jesus voltado na barca para o outro lado, afluiu para ele uma grande multidão, e ele estava à beira do mar. Chegou-se a ele um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo; e vendo-o lançou-se-lhe aos pés e rogou-lhe com instância, dizendo: Minha filhinha está a expirar; suplico-te que venhas pôr as mãos sobre ela, para que sare e viva. Jesus foi com ele. E uma grande multidão seguiu-o e apertava-o.

"Ele ainda falava quando vieram pessoas da casa do chefe da sinagoga, dizendo a este: Tua filha já morreu; por que incomodas mais o Mestre? Jesus, sem atender a estas palavras, disse ao chefe da sinagoga: Não temas, crê somente. E não permitiu que ninguém o acompanhasse, senão Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago. Tendo eles chegado à casa do chefe da sinagoga, viu Jesus um alvoroço e os que choravam e faziam grande pranto; e tendo entrado disse-lhes: Por que fazeis alvoroço e chorais? A menina não está morta, mas
 sim dormindo. E riam-se dele. Tendo, porém, feito sair a todos, ele tomou consigo o pai e a mãe da menina e os que com ele vieram e entrou onde estava a menina.
E tomando-a pela mão, disse-lhe: "Talita cumi", que quer dizer: "Menina, eu te digo, levanta-te". Imediatamente ela se levantou e começou a andar; pois tinha doze anos. Então eles ficaram sobremaneira admirados. E Jesus recomendou-lhes expressamente que ninguém o soubesse, e mandou que lhe dessem de comer. " (Marcos, V, 22 a 24; 35-43) '''Quando regressou, foi Jesus bem recebido pelo povo e todos o esperavam. E veio um homem chamado Jairo, que era chefe da sinagoga, e, prostrando-se aos pés de Jesus, suplicou-lhe que chegasse à sua casa, porque tinha uma única filha, de cerca de 12 anos, que estava à morte. Enquanto ele ia, a multidão o apertava.

"Quando ele ainda falava, veio uma pessoa da casa do chefe da sinagoga, dizendo a este: Tua filha morreu, não incomodes mais o Mestre. Ouvindo isto, disse-lhe Jesus: Não temas, crê somente e ela será salva. Tendo chegado à casa, não permitiu que ninguém entrasse com ele, senão Pedro, João e Tiago e o pai e a mãe da menina. Todos choravam e a pranteavam. Mas ele disse: Não choreis, ela não está morta, mas sim dormindo. E riam-se dele, porque sabiam que ela estava morta. Porém ele, tomando-a pela mão, disse em voz alta: Menina, levanta-te. E voltou o seu espírito, e ela se levantou imediatamente, e ele mandou que lhe dessem de comer. "Seus pais encheram-se de pasmor; e ele lhes advertiu que a ninguém contassem o que havia acontecido. " (Lucas, VIII, 41-42; 49-56)

É este um caso característico de catalepsia, ou síncope, acidente muito comum naquele tempo e que era recebido como a morte, tanto assim que, sem curarem os pacientes, enterravam-nos imediatamente. Quantas dolorosas provações houve naquela época, justamente pelo fato de não se tomar precaução alguma antes de enterrar um corpo! 
No capítulo V dos Atos dos Apóstolos, vemos o enterro imediato de Ananias e Safira, sua mulher, sem nenhum exame.

Qualquer ataque que não cessasse imediatamente, entorpecesse a inteligência e aparentasse rigidez dos membros, era sinal de morte, e a inumação era imediata. O Mestre, não há dúvida, portanto, ressuscitou a filha de Jairo porque, se não chegasse a tempo, ela iria para a sepultura imediatamente e então morreria. Na casa já estavam os flautistas, as carpideiras e a multidão em alvoroço e algazarra para acompanhar o enterro. Mas como se deu a cura?

Não é difícil explicar pelo Espiritismo. A morte é a separação da alma do corpo, devido à deficiência do fluido vital. Assim, nos casos de síncope e catalepsia, há desequilíbrio do fluido vital. Jesus, conhecedor das leis dos fluidos e da natureza humana, pelo seu amplo poder magnético, preencheu a deficiência do fluido na menina, deficiência que proibia o espírito de agir naturalmente sobre o corpo; equilibrando esse fluido por todo o organismo, restituiu a saúde à paciente; ela pôde tomar posse do seu corpo.

Allan Kardec trata magistralmente desses casos e não deixaremos de lembrar as palavras do Mestre, quando tratarmos da "ressurreição de Lázaro". O que interessa agora não é o lado científico da cura, mas o lado moral; o quanto pode fazer aquele que tem conhecimentos e tem fé, aquele que se dedica ao bem do próximo.

Se Jesus fosse sectário e mercador, não iria à casa de Jairo, pois este era sacerdote fariseu, contrário à sua Doutrina; ou então iria com intenções de mercancia, o que desdouraria a sua missão. Demais, Ele quis mostrar que a Religião não é museu nem teatro, aonde se vai ver o que prende a nossa curiosidade, ou ouvir o que nos deleita . A Religião é o exercício do Bem em todos os sentidos, material, moral e espiritual.
Ele quis dar essa lição a Jairo e aos seus companheiros; na mesma ocasião em que fazia um benefício à filha daquele sacerdote, proporcionava a consolação, a alegria ao próprio sacerdote e ensinava aos "flautistas", às "carpideiras" que entoar cânticos, fazer alvoroço, exclamar lamentações, chorar e prantear, nada vale. O que teve valor nesse caso foi o benefício, foi a ação de misericórdia, de caridade, de benevolência, como sói acontecer em todos os casos em que se teme a morte do corpo e a morte do espírito pelo desvio dos preceitos cristãos.

A palavra de Jesus: "Menina, levanta-te", foi o que beneficiou a todos, e não o alarido, os risos sardônicos e estúpidos, da caterva que rodeava a pretensa "defunta". Outra lição aprendemos: nos momentos difíceis da vida, é preciso voltar os olhos para os céus e chamar a Jesus. Temos este exemplo em Jairo, que não confiou no seu sacerdócio, na sua família, nos médicos da época, nem na multidão que se apinhou em sua casa.

Precisamos fazer mais uma consideração: afastar a plebe ignara que costuma rodear os leitos de enfermos e sobretudo mortuários. Selecionar o mais possível as gentes que afluem em semelhantes casos, e deixar o resto ao cuidado de Jesus, que nos enviará somente os seus emissários de faculdades idênticas às de Pedro, Tiago e João. Lembremo-nos sempre de que no quarto onde a menina estava "morta", para que se pudesse efetuar a "ressurreição", o Mestre somente permitiu a permanência do pai e da mãe da paciente, alem da dos três discípulos referidos.

É o que nos ensina este Evangelho. Não abordamos o trecho da "Cura da mulher hemorrágica" por já havermos feito considerações sobre o mesmo no livro Parábolas e Ensinos de Jesus, que recomendamos aos estudiosos.
Cairbar Schutel

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