segunda-feira, 28 de maio de 2012

O Antigo Testamento foi revogado por Jesus?


O Antigo Testamento foi revogado por Jesus?

Paulo da Silva Neto Sobrinho
Recebemos, via Internet, o seguinte questionamento:
Você fala que Jesus veio para acabar com o Velho Testamento. Verdade: não cuideis que vim destruir a lei e os profetas (como era chamado o Antigo Testamento), não vim ab-rogar, mas cumprir. MATEUS cap. 5, 17. (leia até 48). Se você ler, verá que Jesus veio explicar a lei e os profetas e explicar o que era o inferno (chamado de morte pelos profetas do AT). Portanto se Isaias (profetas) profetiza sobre Jesus e contra o Espiritismo (cap. 8, 19 e 20) e nos livros da lei como Deuteronômio também Deus fala que abomina o Espiritismo (conversa ou invocação de mortos ou supostos espíritos superiores) Jesus veio para cumprir e também ele abominava essas praticas. Jesus não colocou ai exceção (não me lembro o cap. de Deuteronômio e Levítico). Se você prestar atenção, tudo que Jesus ensinou esta na lei e nos profetas. Jesus só eliminou os rituais e sacrifícios. Saiba também que você interpretou errado a parábola do remendo e do vinho novo. Leia com atenção.
Estudaremos, logo a seguir, algumas passagens do Evangelho buscando compreender as palavras de Jesus, para deixar o mais claro possível o que realmente Ele pensava, de modo que também o nosso leitor tenha elementos suficientes para tirar suas próprias conclusões. Não deixaremos de ler Mateus 5, 17 a 48, conforme sugerido, para ver se Jesus nestas passagens realmente está explicando a Lei e os Profetas.
Lucas 10, 25-28: E eis que certo homem, intérprete da lei, se levantou com intuito de por Jesus em provas, e disse-lhe: Mestre, que farei para herdar a vida eterna? Então Jesus lhe perguntou: Que está escrito na lei? Como interpretas? A isto ele respondeu: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento; e amarás o teu próximo como a ti mesmo. Então Jesus lhe disse: Respondeste corretamente; faze isto, e viverás.
Se Jesus, quando disse a respeito da Lei, estivesse se referindo a todo o Pentateuco mosaico estaria em contradição com esta passagem, pois considerou como correta a resposta do intérprete da lei. Nela somente disse que está escrito na lei: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento; e amarás o teu próximo como a ti mesmo. Ora, na legislação de Moisés existem muitas outras coisas para se cumprir além dessas.
Lucas 16, 16-18: A lei e os profetas vigoraram até João; desde esse tempo vem sendo anunciado o evangelho do reino de Deus, e todo homem se esforça por entrar nele. E é mais fácil passar o céu e a terra, do que cair um til sequer da lei. Quem repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério; e aquele que casa com a mulher repudiada pelo marido também comete adultério.
Se a Lei e os profetas vigoraram até João é porque depois de João está vigorando algo diferente, uma nova lei. Ela é nada mais nada menos que o Evangelho, ou seja, o Novo Testamento. A questão: de toda a lei e os profetas serem cumpridos, se refere a tudo que há neles com relação às profecias sobre a vinda de Jesus e os acontecimentos que iriam ocorrer com Ele é que seriam cumpridos e não, como querem alguns, que todas as ordenações contidas lá sejam cumpridas. Até mesmo porque, como iremos ver mais adiante, especificamente algumas delas Ele as alterou profundamente, como é o caso, por exemplo, da questão do “olho por olho”. Observar que isso não faz parte dos rituais e sacrifícios.
Lucas 24, 25-27: Ele então lhes disse: “Ó homens sem inteligência, como é lento o vosso coração para crer no que os profetas anunciaram! Não era preciso que Cristo sofresse essas coisas para entrar na glória? E partindo de Moisés começou a percorrer todos os profetas, explicando em todas as Escrituras, o que dizia a respeito a ele mesmo.
Após ressuscitar, Jesus caminha com dois discípulos e lhes explica o que nas Escrituras se dizia a respeito dele, iniciando por Moisés, percorre todos os profetas, ou seja, esclarece-lhes somente o que era importante e que deveria ser cumprido na Lei e nos Profetas. Portanto o que Ele não veio revogar ou abolir foram as profecias contidas nas Escrituras a seu respeito. Se tudo nas Escrituras fosse importante não iria se restringir só a explicar o que dizia a Seu respeito. E para provar que não estamos distorcendo os fatos vejamos a passagem seguinte.
Lucas 24, 44-45: A seguir Jesus lhes disse: São estas palavras que eu vos falei, estando ainda convosco, que importava se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos. Então lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras;
Vejam vocês, é perfeitamente claro o que Jesus quis dizer quanto ao cumprimento das Escrituras. Não era, portanto tudo quanto existia nas Escrituras, mas somente importava que se cumprisse tudo o que dele estava escrito nela, ou seja, sua origem da casa de Davi, sua missão, todo o seu padecimento que culminou com sua morte na cruz e sua gloriosa ressurreição. Assim não há como entender de outra forma, a não ser que as palavras de Jesus não sirvam para nada ou que as queiramos distorcer.
João 1, 17: Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo.
Aqui temos uma nítida demonstração de que a Lei de Moisés não é de suma importância para os cristãos, já que a VERDADE veio por Jesus Cristo e é Ele que nós procuramos seguir e não a Moisés. Não poderemos dizer que a Lei de Moisés não teve o seu valor, é claro que teve, entretanto, como diz Jesus, somente até João. Porque, para um povo atrasado, ela foi um fator de desenvolvimento.
João 1, 45: Filipe encontrou Natanael e lhe falou: “Achamos aquele de quem escreveram Moisés na Lei e os Profetas, Jesus, filho de José de Nazaré”.
Passagem que vem a confirmar que as profecias a respeito do Messias estavam se cumprindo no momento que Jesus inicia a sua vida pública. E era justamente nisso que os hebreus esperavam ansiosamente que se cumprisse as Escrituras.
João 7, 23: Se um homem recebe a circuncisão no sábado, para cumprir a Lei de Moisés, por que vos irritais contra mim porque curei totalmente um homem no sábado?
João 8, 5-7: Na Lei, Moisés nos manda apedrejar as adúlteras; mas tu o que dizes? Perguntavam isso para tentá-lo a fim de terem do que o acusar. Jesus, inclinando-se, escrevia com o dedo no chão. Como insistissem em perguntar, ergueu-se e lhes disse: “Aquele de vós que estiver sem pecado, atire-lhe a primeira pedra”.
Se realmente as leis que Moisés passou ao povo hebreu fossem todas provenientes de Deus, por que nestas duas passagens não se diz: cumprir a Lei de Deus e Na lei, Deus nos manda, respectivamente. Porque eram leis de Moisés e não de Deus. Tanto é que na questão das adúlteras Jesus não disse ao povo para cumprir a Lei, antes ao contrário revoga-a demonstrando uma inteligência peculiar. Deus também nunca diria: “Não cobiçar a mulher do próximo”, mandamento que realça ser, obviamente, um produto da cultura de uma sociedade machista daquela época, nada mais que isso, sendo, portanto, da forma que está expressa, lei dos homens e não de Deus.
Atos 7, 35-37: A este Moisés eles rejeitaram, dizendo: Quem te nomeou nosso chefe e juiz? Mas Deus é que o enviou como guia e libertador, por meio do anjo que lhe apareceu na sarça. Então o anjo conduziu o povo para fora, realizando milagres e prodígios no Egito, no Mar Vermelho e no deserto por quarenta anos. Este é Moisés que disse aos filhos de Israel: Deus fará surgir dentre vossos irmãos um profeta como eu. Foi ele quem, no tempo da assembléia no deserto, foi mediador entre o anjo que lhe falava no Monte Sinai e nossos antepassados, e foi ele quem recebeu palavras de vida para nos transmitir.
Temos na Lei que Deus apareceu a Moisés no Monte Sinai, que pessoalmente conduziu o povo para fora do Egito, que realizou vários milagres, etc. Entretanto por esta passagem está se afirmando que foi um ANJO. E aí como ficamos?
Romanos 7, 5: Enquanto viviam segundo a carne, as paixões pecaminosas, estimuladas pela Lei, produziam fruto para a morte em nossos membros.
Podemos deduzir desta passagem que a Lei estimulava paixões pecaminosas? Se for isto mesmo, é porque ela, a Lei, não era a VERDADE, que veio somente com Jesus.
Romanos 7, 6: Mas agora, livres da Lei, estamos mortos para aquilo que nos conservava prisioneiros, de sorte, que podemos servir a Deus conforme um espírito novo e não segundo a letra antiga.
Livres da Lei, ou seja, que não estamos mais submissos a ela, não é claro isso? Se podemos servir a Deus conforme um espírito novo, qual seja, os ensinamentos de Jesus, por que ficar ainda apegados a Moisés (letra antiga)? O Antigo Testamento está revogado ou ainda queremos permanecer na dúvida?
Mateus 5, 17-18: Não penseis que vim revogar a lei ou os profetas; não os vim para revogar, vim para cumprir. Porque em verdade vos digo: Até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da lei, até que tudo se cumpra.
Conforme já explicamos anteriormente até que tudo se cumpra em relação a Ele, ou seja, que veio para cumprir tudo que Dele está escrito na lei e nos profetas, que nem um i ou nem um til do que ali estava deixaria de ser cumprido.
Mateus 5, 19-20: Aquele, pois, que violar um destes mandamentos, posto que dos menores, e assim ensinar aos homens, será considerado mínimo no reino dos céus; aquele, porém, que os observar e ensinar, esse será considerado grande no reino dos céus. Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus.
Nosso quadro é: Jesus na passagem evangélica do Sermão do Monte, onde inicia dizendo novos ensinamentos que deveremos cumprir. São as verdades que Ele passa a todos nós como roteiro de vida. São os mandamentos que diz para não violar. A partir dali também é que altera e revoga a legislação de Moisés, confirmamos isso com as passagens relativas ao capítulo 5 de Mateus que serão colocadas logo a seguir.
Mateus 5, 21-22: Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e: Quem matar estará sujeito a julgamento. Eu, porém, vos digo que todo aquele que (sem motivo) se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo.
Moisés: Não matarás. Jesus: que não devemos irar nem insultar ao nosso irmão
Mateus 5, 27-28: Ouvistes que foi dito: Não adulterarás. Eu, porém, vos digo: Qualquer um que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração já adulterou com ela.
Moisés: Não adulterarás. Jesus: só o fato de olhar para uma mulher com intenção impura já cometemos adultério.
Mateus 5, 31-32: Também foi dito: Aquele que repudiar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio. Eu, porém, vos digo: Qualquer que repudiar sua mulher, exceto em caso de relações sexuais ilícitas, a expõe a tornar-se adúltera; e aquele que casar com a repudiada comete adultério.
Moisés: que se poderia repudiar a mulher. Jesus: se repudiar estás expondo a mulher ao adultério.
Mateus 5, 33-37: Também ouvistes que foi dito aos antigos: Não jurarás falso, mas cumprirás rigorosamente para com o Senhor os teus juramentos. Eu, porém, vos digo: De modo algum jureis: Nem pelo céu, por ser o trono de Deus; nem pela terra, por ser estrado de seus pés; nem por Jerusalém, por ser cidade do grande Rei; nem jures pela tua cabeça, porque não podes tornar um cabelo branco ou preto. Seja, porém, a tua palavra: Sim, sim; não, não. O que disto passar vem do maligno.
Moisés: Não jurarás falso. Jesus: De modo algum jureis.
Mateus 5, 38-42: Ouvistes que foi dito: Olho por olho, dente por dente. Eu, porém, vos digo: Não resistais ao perverso; mas a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra; e ao que quer demandar contigo e tirar-te a túnica, deixa-lhe também a capa. Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas. Dá a quem te pede, e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes.
Moisés: Olho por olho. Jesus: Quem te ferir na face direita, volta-lhe também a outra.
Mateus 5, 43-48: Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e vir chuvas sobre justos e injustos. Porque, se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os publicanos também o mesmo? E se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os gentios também o mesmo? Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste.
Moisés: Odiarás o teu inimigo. Jesus: Amai os vossos inimigos.
Hebreus 7, 18-19: Portanto, por um lado, se revoga a anterior ordenança, por causa de sua fraqueza e inutilidade (pois a lei nunca aperfeiçoou cousa alguma) e, por outro lado, se introduz esperança superior, pela qual nos chegamos a Deus. E, visto que não é sem prestar juramento (porque aqueles, sem juramento, são feitos sacerdotes, mas este, com juramento, por aquele que lhe disse: O Senhor jurou e não se arrependerá; Tu és sacerdote para sempre); por isso mesmo Jesus se tem tornado fiador de superior aliança.
Hebreus, 8, 6-7 e 13: Agora, com efeito, obteve Jesus ministério tanto mais excelente, quanto é ele também mediador de superior aliança instituída com base em superiores promessas. Porque, se aquela primeira aliança tivesse sido sem defeito, de maneira alguma estaria sendo buscado lugar para segunda. E, de fato, repreendendo-os, diz: Eis aí vêm dias, diz o Senhor, e firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá. Quando ele diz Nova, torna antiquada a primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e envelhecido, está prestes a desaparecer.
Se até aqui ainda existia alguma pequena sombra de dúvida, agora foi definitivamente dissipada por estas duas narrativas da carta aos Hebreus. Poderíamos até dizer: “quem tem ouvidos que ouça”, mas diremos quem tem olhos veja: aliança anterior é fraca, inútil e com defeito, enquanto que a nova é superior a ela. Quanto ao “está prestes a desaparecer”, só não desapareceu ainda é por insistência de alguns que querem a todo custo manter viva a Legislação de Moisés contida no Antigo Testamento. Repetindo: Porque, se aquela primeira aliança tivesse sido sem defeito, de maneira alguma estaria sendo buscado lugar para segunda.
Marcos 2, 18-22: Como os discípulos de João e os fariseus estavam jejuando, foram lhe perguntar: Por que é que os discípulos de João e os discípulos dos fariseus jejuam, e os teus não? Jesus lhes respondeu: Por acaso ficaria bem que os convidados para um casamento fizessem jejum, enquanto o esposo está com eles? Enquanto está, não convém. Mas virá um tempo em que o esposo lhes será tirado. Então sim, eles vão jejuar. Ninguém costura um remendo de pano novo em roupa velha. Do contrário o remendo novo, pelo fato de encolher, estraga a roupa velha e o rasgão fica pior. Ninguém põe vinho novo em velhos recipientes de couro. Caso contrário, o vinho arrebentaria os recipientes. Ficariam perdidos os recipientes e também o vinho. Para vinho novo, recipientes novos!
Seria o mesmo que Jesus dizer: Se vocês ficarem apegados aos ensinamentos de Moisés, não conseguirão suportar nem compreender os que agora vos trago. Aonde se falava sobre os jejuns? Não é no Velho Testamento, que tanto os fariseus e os discípulos de João Batista tiravam o que seguiam? Lembram-se: a Lei e os Profetas vigoraram até João. Assim não fica claro sua revogação por Jesus? Só não o é para os que ainda insistem em seguir Moisés. Mais claro fica quanto tomamos da nota de rodapé constante do Novo Testamento, Edições Loyola o seguinte: Tanto o pano novo como o vinho novo são símbolos duma nova era (cf. At 10, 11; Hbr 1, 11; Gên 49, 11-12); os cristãos dever estar animados dum espírito novo, incompatível com antigas prescrições do judaísmo já ultrapassadas.
Concluindo nosso estudo. Provamos que Jesus não se restringiu a só revogar os rituais e sacrifícios. Provamos que não distorcemos as narrativas da Bíblia à nossa conveniência, como tanto nos acusam. São elas exatamente que nos dão uma base sólida para afirmar com absoluta certeza que:
  1. o cumprimento da lei e dos profetas que Jesus se refere no Evangelho é com relação às profecias contidas nas Escrituras sobre Ele mesmo;
  2. que somente tem como ser cumprido da Lei: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo.
  3. que nunca disse para seguirmos toda a Lei, aqui entendida como todo o Pentateuco.
Agora podemos responder ao questionamento: O Antigo Testamento foi revogado por Jesus? Sim, sem nenhuma sombra de dúvida.
Por isso não nos sentimos na obrigação de cumprir nada do que consta no Antigo Testamento, até mesmo por sermos coerentes com o que pensamos.
São as conclusões que chegamos. Entretanto não há como obrigar ninguém a pensar como nós. A única coisa que pedimos é que deixem de se apegar em demasia aos velhos ensinamentos como se eles fossem verdadeiros. A Terra já não é mais o centro do Universo, visto que o homem percebendo a ignorância de tal afirmativa, finalmente, aceitou a voz da Ciência. Além do que muitas coisas não foram mudadas para que se pudesse conservar o domínio sobre o povo que as cúpulas religiosas queriam manter a todo custo. Ainda hoje encontramos as que buscam conseguir o “poder” e o “dinheiro” com os quais subjugam todos os seus profitentes.
Paulo da Silva Neto Sobrinho
Jun/2001.
Bibliografia:
- Bíblia Anotada = The Ryrie Study Bible/Texto bíblico: Versão Almeida, Revista e Atualizada, com introdução, esboço, referências laterais e notas por Charles Caldwell Ryrie; Tradução de Carlos Oswaldo Cardoso Pinto. São Paulo, Mundo Cristão, 1994.
- Bíblia Sagrada, Editora Ave Maria, São Paulo, 1989, 68ª Edição.
- Bíblia Sagrada, Editora Vozes, Petrópolis, RJ, 1989, 8ª Edição.
- Novo Testamento, LEB – Edições Loyola, São Paulo, 1984.
Nota: Na página seguinte colocamos a resposta que nos foi enviada pela pessoa que nos fez o questionamento.
A Resposta ao Texto: O Antigo Testamento foi revogado por Jesus?
Gostaria de deixar claro que espero com esse texto, bom senso e imparcialidade de religiões.
Primeiro falarei da parábola, que você interpretou errado. A parábola não fala nada de revogar o Antigo Testamento, e nada dessas interpretações absurdas que você escreve. FALA SIM QUE ENQUANTO O PRÓPRIO DEUS (Jesus é o Deus que se fez carne, o ungido de Deus, aquele a quem Deus confiou tudo, não para acabar com tudo, mas para cumprir tudo) ESTAVA COM ELES, eles tinham que ficar alegres, exultarem ao ver sua grande luz, e não afligir suas almas. E quando lhes fosse tirada a luz, então jejuariam. Ora você trata o jejum como se Jesus tivesse abolido o jejum. Nesta passagem e em Mateus 6, 16-18, Ele até ensina como o povo deve jejuar. POR FAVOR, LEIA E REFLITA. LEIA AS PALAVRAS NO CONTEXTO INTERNO E NÃO ACREDITE EM QUALQUER NOTA DE RODAPÉ.
A seguir comento suas observações:
Lucas 10, 25a 28 – Amar a Deus, não é simplesmente dizer que o ama. É cumprir em verdade e alegria, tudo o que foi mandado por Ele. Leia Mateus 19, 16 a 20, e verá que amar a Deus é seguir o que Ele disse, DEUS não proibiu à-toa o Espiritismo, você vai ver mais na frente. Numa página que aconselhei.
Lucas 16, 16a 18 – Mas uma vez você manipulou as palavras. É mentiroso o que você afirma que o Antigo Testamento serviu só para cumprir a vinda de Jesus. Me fale onde e quando Jesus quis dizer isso. Rituais e sacrifícios foram abolidos, a lei não. A lei foi explicada no seu contexto certo por Jesus. Você tem que entender que um povo que depois de ver prodígios, constrói um bezerro de ouro para o adorar, não compreenderia as palavras de Jesus. Como deus disse: atentei para este povo (Israel) e eis que era povo obstinado de coração – o que Jesus quis explicar, ele explicou, o que quis mudar mudou. Se ele não apoiou e nem comentou a comunicação com os mortos (se percebe nos cultos cristãos depois da morte de Jesus, que os apóstolos nem de longe coisas parecidas com cultos espíritas, e nem eram médiuns), e porque é abominação ao senhor.
A lei era falha, mas Jesus a completou. O que tinha que ser mudado mudou. o que tinha que ser anulado anulou. Mas não a conversa com mortos, a mediunidade (necromancia) médiuns = necromantes.
Ora, o Espiritismo fala que a revelação dos espíritos é mais importante que a Bíblia. Sai disso meu amigo Paulo. Sai disso.
Se você não acredita que Deus falou a Moisés, eu sinto muito, mas aí começou o projeto de Deus. Se foi um anjo, ou Deus eu não sei. Sei que o Espírito Santo quando eu era ateu me tocou, no que eu lesse a Bíblia que antes tinha como nojo. E ele me tocou a começar exatamente pelo AT. E eu sei que aquela lei não é perfeita, mas é a lei de Deus. E claro que não vou apedrejar ninguém, sei que Jesus a fez ficar perfeita. Por favor, entre nessa página de um ex-satanista que presenciou visões e coisas semelhantes as minhas. Se quiserdes saber minha história pergunte na resposta, mas eu só aceito resposta depois que você tiver entrado nessa página que te esclarecerá.

domingo, 27 de maio de 2012

LO PATÉTICO DE LA MULTITUD - Barclay

Marcos 6:30-34

Los apóstoles se reunieron otra vez con Jesús, y Le contaron todo lo que habían hecho y enseñado. Y Jesús les dijo: -Veníos a un lugar tranquilo, a descansar un poco de tiempo. Porque había tanto jaleo que no podían encontrar tiempo ni para comer. Así es que se marcharon en la barca a un lugar solitario ellos solos. Pero muchos los vieron marcharse, y los reconocieron; y fueron corriendo juntos de todos los pueblos de por allí, y se les adelantaron. Cuando Jesús desembarcó, vio una gran multitud, y se Le conmovieron las entrañas de piedad, porque Le parecían como ovejas que no tenían pastor; y Se puso a enseñarles muchas cosas.

Cuando los discípulos volvieron de su misión, informaron a Jesús de todo lo que habían hecho. Las multitudes a la expectativa eran tan insistentes que Jesús y los Suyos no tenían tiempo ni para comer; así es que Jesús les dijo a los apóstoles que fueran con Él a un lugar solitario al otro lado del lago para tener tranquilidad y descansar un poco de tiempo.

Aquí vemos lo que podríamos llamar el ritmo de la vida cristiana. La vida cristiana es un constante entrar en la presencia de Dios desde la presencia de la sociedad, y salir de la presencia de Dios a la presencia de nuestros semejantes. Es como el ritmo del descanso y el trabajo. No podemos trabajar a menos que tengamos un tiempo de descanso; y el sueño no nos vendrá a menos que hayamos trabajado hasta cansarnos.

Hay dos peligros en la vida. El primero es el peligro de una actividad demasiado constante. Ninguna persona puede trabajar sin-descansar; y ninguna persona puede vivir la vida cristiana a menos que se tome tiempo con Dios. Bien pudiera ser que todos los problemas de nuestras vidas estuvieran en que no Le damos a Dios la oportunidad de hablarnos, porque no sabemos estarnos quietos y escuchar; no Le damos tiempo a Dios para recargar nuestras energías y fuerza espiritual, porque no apartamos un tiempo para esperar en Él. ¿Cómo podremos asumir las cargas de la vida si no tenemos contacto con el Que es el Señor de toda la vida? ¿Cómo podremos hacer la obra de Dios a menos que sea con las fuerzas que Dios da? ¿Y cómo podremos recibir esas fuerzas si no buscamos en tranquilidad y a solas la presencia de Dios?.

Segundo, existe el peligro de retirarnos demasiado. La devoción que no desemboca en la acción no es la verdadera devoción. La oración que no desemboca en las obras de servicio no es la verdadera oración. No debemos nunca buscar la comunión con Dios a fin de evitar la comunión con nuestros semejantes, sino para prepararnos mejor para ella. El ritmo de la vida cristiana es el encuentro alternativo con Dios en el lugar secreto y con nuestros semejantes en los diversos campos de la actividad humana. 

Pero el descanso que Jesús buscaba para Sí mismo y para Sus discípulos no tendría lugar. Las multitudes vieron marcharse a Jesús y a Sus hombres. En este lugar determinado, el lago no tiene más que seis kilómetros de ancho yendo en barca, y quince kilómetros por tierra, rodeando el lago por la parte superior. En un día sin viento, o con viento contrario, se podría necesitar un cierto tiempo para cruzar en barca, y una persona que anduviera deprisa podría rodear el lago a pie y llegar antes que la barca. Eso fue lo que sucedió aquel día; y cuando Jesús y Sus hombres desembarcaron al otro lado, la misma multitud de la que se habían querido retirar para estar tranquilos un tiempo los estaba esperando allí.

Cualquier persona corriente se habría molestado mucho. El descanso que Jesús deseaba y necesitaba y se había ganado con creces se Le negaba. Le invadían Su intimidad. Cualquier persona normal se habría enfadado, pero Jesús Se conmovió de misericordia: por la condición lastimosa de la multitud. Los miró; iban desesperadamente en serio; querían tanto lo que Él solo les podía dar; Le parecían como ovejas que no tuvieran pastor. ¿Qué quería decir con eso?

(i) Una oveja son pastor no puede encontrar el camino. Dejados a nosotros mismos, nos perdemos en la vida. El doctor Caims hablaba de personas que se sienten como < chiquillos en la lluvia.» Dante tiene un verso en el que dice: < Me desperté en medio del bosque, y estaba oscuro, y no se veía ningún camino.» La vida puede llenarnos de confusión. Puede que nos encontremos en un cruce de caminos, y no sepamos cuál tomar. Es solamente cuando Jesús nos guía y nosotros Le seguimos cuando podemos encontrar el camino:

(ii) Una oveja sin pastor no puede encontrar pastos ni agua. En esta vida tenemos que buscar sustento. Necesitamos fuerzas para seguir adelante; necesitamos inspiración para elevarnos por encima de nosotros mismos. Cuando buscamos estas cosas en otro sitio, nuestra mente sigue insatisfecha, nuestro corazón inquieto, nuestra alma en ayunas. Sólo podemos obtener las fuerzas para la vida del Que es el Pan de la Vida.

(iii) Una oveja sin pastor no tiene defensa frente a los peligros que la acechan. No se puede defender ni de los ladrones ni de las fieras. Si la vida nos ha enseñado algo es que no podemos vivir solos. Nadie se puede defender a sí mismo de las tentaciones que le asedian y del mal del mundo que le ataca. Sólo en la compañía de Jesús podemos caminar por el mundo y librarnos del mal. Sin Él no tenemos defensa; con Él estamos a salvo.

sábado, 26 de maio de 2012

Na meditação


“E foram sós num barco para um lugar deserto.” – Marcos, 6:32



Tuas mãos permanecem extenuadas por fazer e desfazer.

Teus olhos, naturalmente, estão cheios de angústia recolhida nas perturbações ambientes.

Doem-te os pés nas recapitulações dolorosas.

Teus sentimentos vão e vêm, através de impulsos tumultuários, influenciados por mil pessoas diversas.

Tens o coração atormentado.

É natural. Nossa mente sofre sede de paz, como a terra seca tem necessidade de água fria.

Vem a um lugar à parte, no país de ti mesmo, a fim de repousar um pouco. Esquece as fronteiras sociais, os controles domésticos, as incompreensões dos parentes, os assuntos difíceis, os problemas inquietantes, as idéias inferiores.

Retira-te dos lugares comuns a que ainda te prendes.

Concentra-te, por alguns minutos, em companhia do Cristo, no barco de teus pensamentos mais puros, sobre o mar das preocupações cotidianas...

Ele te lavará a mente eivada de aflições.

Balsamizará tuas úlceras.

Dar-te-á salutares alvitres.

Basta que te cales e sua voz falará no sublime silêncio.

Oferece-lhe um coração valoroso na fé e na realização, e seus braços divinos farão o resto.

Regressarás, então, aos círculos de luta, revigorado, forte e feliz.

Teu coração com Ele, afim de agires, com êxito, no vale do serviço.

Ele contigo, para escalares, sem cansaço, a montanha na luz.



Emmanuel / Chico Xavier – “Caminho, verdade e vida” - 168

DESCANSAR - Emmanuel


152 - DESCANSAR
  “E ele disse-lhes: vinde vós, aqui à parte, a um lugar deserto,
e repousai um pouco; porque havia muitos que iam e vinham
e não tinham tempo para comer.” ( Marcos, 6:31 )
 
              Pressa e agitação caracterizam o ambiente das criaturas menos avisadas em
todos os tempos.
                Na época de Jesus, muita gente já ia e vinha aqui e acolá, sofrendo a pressão
de exigências da ida material, acreditando não dispor de tempo para pensar.
                Isso fez que o Mestre se dirigisse à multidão, exortando: “vinde vós, aqui à
parte, a um lugar deserto, e repousai um pouco”.
              Entretanto, assim como aparecem os que exageram as próprias necessidades,
caindo em precipitação, temos os companheiros que se excedem no descanso,
encontrando, a cada passo, motivos para a fuga do dever a cumprir. À vista de
embaraços mínimos, declaram-se fatigados, desiludidos, deprimidos ou enfermos, e
param a máquina do serviço que lhes compete, recolhendo-se à inércia, com o pretexto
de meditação, refazimento, virtude ou prece. Para isso, muitos dizem que o próprio Jesus
aconselhou o repouso e a oração, esquecendo-se de que o Senhor reconstituía as forças
no retiro, a fim de tornar ao serviço e prosseguir trabalhando...
              Nesse sentido, convém recordar as palavras textuais do Evangelho. Jesus não
afirmou: repousai quanto quiserdes, mas sim, repousai em pouco.

Palavras de Vida Eterna -

REFUGIA-TE EM PAZ


REFUGIA-TE EM PAZ
“Havia muitos que iam e vinham e não tinham tempo para comer.” (Marcos, cap. 6, vs. 31)
O convite do Mestre, para que os discípulos procurem lugar a parte, a fim de repousarem a mente e o coração na prece, é cada vez mais oportuno.

Todas as estradas terrestres estão cheias dos que vão e vem atormentados pelos interesses imediatistas, sem encontrarem tempo para a recepção de alimentação espiritual. Inúmeras pessoas atravessam a senda, famintas de ouro, e voltam carregadas de desilusões. Outras muitas correm, às aventuras, sedentas de novidade emocional, e regressam com o tédio destruidor.

Nunca houve no mundo tantos templos de pedra, como agora, para as manifestações de religiosidade, e jamais apareceu tamanho volume de desencanto nas almas.

A legislação trabalhista vem reduzindo a atividade das mãos, como nunca; no entanto, em tempo algum surgiram preocupações tão angustiosas como na atualidade.

As máquinas da civilização moderna limitaram espantosamente o esforço humano, todavia, as aflições culminam, presentemente, em guerras de arrasamento científico.

Avançou a técnica da produção econômica em todos os setores, selecionando o algodão e o trigo por intensificar-lhes as colheitas, mas, para os olhos que contemplam a paisagem mundial, jamais se verificou entre os encarnados tamanha escassez de pão e vestuário.

Aprimoraram-se as teorias sociais de solidariedade e nunca houve tanta discórdia.

Como acontecia nos tempos da permanência de Jesus no apostolado, a maioria dos homens permanece no vai-e-vem dos caminhos, entre a procura desorientada e o achado falso, entre a mocidade leviana e a velhice desiludida, entre a saúde menosprezada e a moléstia sem proveito, entre a encarnação perdida e a desencarnação em desespero.

Ó meu amigo, se adotaste efetivamente o aprendizado com o Divino Mestre, retira-te a um lugar à parte, e cultiva os interesses de tua alma.

É possível que não encontres o jardim exterior que facilite a meditação, nem algum pedaço de natureza física onde repouses do cansaço material, todavia, penetra o santuário, dentro de ti mesmo.

Há muitos sentimentos que te animam há séculos, imitando, em teu íntimo, o fluxo e o refluxo da multidão. Passam apressados de teu coração ao cérebro e voltam do cérebro ao coração, sempre os mesmos, incapacitados de acesso à luz espiritual. São os princípios fantasistas de paz e justiça, de amor e felicidade que o plano da carne te impôs. Em certas circunstâncias da experiência transitória, podem ser úteis, entretanto, não vivas exclusivamente ao lado deles. Exerceriam sobre ti o cativeiro infernal.

Refugia-te no templo à parte, dentro de tua alma, porque somente aí encontrarás as verdadeiras noções da paz e da justiça, do amor e da felicidade reais, a que o Senhor te destinou.
Emmanuel
(Do livro "Fonte Viva", 147, FCXavier, FEB)

Lugar Deserto


Emmanuel


"E ele lhes disse: Vinde vós aqui, à parte, a um lugar deserto, e repousai um pouco." – Marcos, 6:31.
A exortação de Jesus aos companheiros reveste-se de singular importância para os discípulos do Evangelho em todos os tempos.
Indispensável se torna aprender o caminho do "lugar à parte" em que o Mestre aguarda os aprendizes para o repouso construtivo em seu amor.
No precioso símbolo, temos o santuário íntimo do coração sequioso de luz divina.
De modo algum se referia o Senhor tão somente à soledade dos sítios que favorecem a meditação, onde sempre encontramos sugestões vivas da natureza humana. Reportava-se à câmara silenciosa, situada dentro de nós mesmos.
Além disso, não podemos esquecer que o Espírito sedento de união divina, desde o momento em que se imerge nas correntes do idealismo superior, passa a sentir-se desajustado, em profundo insulamento no mundo, embora servindo-o, diariamente, consoante os indefectíveis desígnios do Alto.
No templo secreto da alma, o Cristo, espera por nós, a fim de revigorar-nos as forças exaustas.
Os homens iniciaram a procura do "lugar deserto", recolhendo-se aos mosteiros ou às paisagens agrestes; todavia, o ensinamento do Salvador não se fixa ao mundo externo.
Prepara-te para servir ao Reino Divino, na cidade ou no campo, em qualquer estação, e não procures descanso impensadamente, convicto de que, muita vez, a imobilidade do corpo é tortura da alma. Antes de tudo, busca descobrir, em ti mesmo, o "lugar à parte" onde repousarás em companhia do Mestre.

(Do livro "Pão Nosso", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier, edição FEB)

Regresso dos Emissários, Opinião de Herodes e Jesus é seguido

REGRESSO DOS EMISSÁRIOS

Marc. 6:30-31
30. Reunindo-se os emissários com Jesus, contaram-lhe tudo o que tinham feito e o que tinham ensinado.
31. E disse-lhes: "Vinde vós, sozinhos, a um lugar isolado e descansai um pouco". Pois eram muitos os que vinham e iam, e nem tinham vagar para comer.

Luc. 9:10
10. Tendo regressado os emissários, relataramlhe o que tinham feito. E, levando-os, ele retirou-se isoladamente, para uma cidade, chamada Betsaida.

Os emissários regressaram de sua excursão apostólica; mas tanta gente cercava Jesus, "indo e vindo", que não havia vagar nem para alimentação, quanto mais para uma boa conversa íntima, em que os pormenores fossem contados e sugestões fossem dadas.
Para maior calma, Jesus decide retirar-se para um local isolado. Com isso atingiria dois objetivos: proporcionar a todos um pouco de repouso e palestrar com tranquilidade. Vai então para os arredores de Betsaida- Júlias (hoje El-Tell), nos domínios do tetrarca Filipe, também filho de Herodes o Grande,
mas de caráter pacífico.
A sudeste da cidade, havia vasta planície que se estendia até as colinas. O nome Júlias lhe fora atribuí-
do (cfr. Josefo, Ant. Jud. 18, 2, 1) pelo tetrarca, em homenagem a Júlia, filha do Imperador Augusto. A excursão dos apóstolos deve ter sido mais ou menos longa (talvez várias semanas) pois haviam percorrido diversas cidades e aldeias, e muita coisa havia para conversar na intimidade.
Interessante observar que, apÛs a aÁ„o externa da personalidade, a individualidade sempre a convida para um repouso em lugar ermo. A palavra Betsaida È expressiva, pois significa "Casa dos Frutos" (ou "local de boa pescaria"). Nada mais significativo que, depois de trabalho intenso, em que se lançaram sementes a todo vento, deva haver um repouso exatamente no local em que podem colher-se os frutos do trabalho realizado. Frutos que ser„o a paz e a meditaÁ„o silenciosas, longe do burburinho de uma multidão que "vem e vai" sem descanso.
A personalidade n„o poder· manter-se equilibrada, se n„o houver altern‚ncia de trabalho e repouso, de aÁ„o e oraÁ„o. E isto sÛ pode obter-se no isolamento, em companhia apenas do Cristo-que-em-nÛshabita.
Só assim podem ser aproveitados os frutos da experiÍncia.

OPINIÃO DE HERODES
Mat. 14:1-2
1. Nessa época, ouviu o tetrarca Herodes a fama de
Jesus.
2. e disse a seus cortesãos:
"esse é João o Batista; ele
despertou dentre mortos, e
por isso os poderes operam
nele".
Marc. 6:14-16
14. E Herodes o rei ouviu
(porque o nome dele se tornava conhecido) e disse:
"João o Batista despertou
dentre os mortos, e por isso
os poderes operam nele".
15. Outros diziam: "É Elias”;
outros ainda: "É profeta,
como um dos profetas".
16. Mas, ouvindo isso, Herodes
dizia: “É João, que eu degolei, que despertou dentre
os mortos".
Luc. 9:7-9
7. Ora, o tetrarca Herodes
ouviu tudo o que foi feito
por ele (Jesus), e admirouse, porque era dito por alguns:
8. "João despertou dentre os
mortos", por outros: "Elias
apareceu", e outros: "reencarnou um dos antigos profetas".
9. Disse, porém, Herodes:
"Eu degolei João, mas
quem é este de quem ouço
tais coisas". E procurava
vê-lo.
Além da ação pessoal de Jesus a pregar as Boas-Novas, houve um recrudescimento de fatos extraordinários, que se multiplicaram com a saída dos Emissários Dele, por diversas aldeias concomitantemente. A fama de Jesus, em nome de Quem todos agiam, cresceu muito, estendendo-se tanto que chegou
aos ouvidos do tetrarca daquela região.
As palavras de Herodes dão a perfeita impressão de que ele se convenceu da ressurreição de João Batista, "ressurreição" no sentido atual do termo, isto é, que o "morto" voltara a viver no mesmo corpo.
Herodes não se refere à reencarnação, conforme o notara já Jerônimo (Patrol. Lat. vol. 26, col. 96)
com razão: Jesus tinha mais de trinta anos, quando João desencarnou.
*   *   *
Para fins de estudo, observemos o emprego dos verbos gregos nesses textos, e para isso analisemos
antes os próprios verbos.
Aparecem dois; egeÌrÙ e anÌstÍmi, ambos traduzidos correntemente com a mesma palavra portuguesa:
"ressuscitar". Mas o sentido difere bastante de um para outro.
EGEÍRÔ, composto de GER com o prefixo reforçativo E (cfr. o sânscrito ajardi, que significa "estar
acordado") tem exatamente o sentido de "despertar do sono, acordar", ou seja, passar do estado de
sono ao de vigília. Era empregado correntemente com o sentido de ressuscitar, isto é, sair do estado de
sono da morte, para o da vigília da vida. Para não haver confusão, acrescentava-se ao verbo o esclarecimento indispensável: egeÌrÛ ek (ou apÛ) nekrÙn, "despertar de entre os mortos".
ANÍSTÊMI, composto de ANÁ (com três sentidos: "para cima", ou "de novo" ou "para trás") e ÍSTÊ-
MI ("estar de pé"). De acordo com as três vozes, teríamos os seguintes sentidos:
a) voz ativa (transitivo) -  "levantar alguém", "elevá-lo"; ou "tornar a levantar”, ou então "fazer alguém voltar";C. TORRES PASTORINO
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b) voz média - "levantar-se" (do lugar em que se estava sentado ou deitado, sem se cogitar se se estava desperto ou adormecido), ou "tornar a ficar de pé”, ou "regressar” ao lugar de onde se viera;
c) voz passiva - "ser levantado por alguém", ou "ser posto de novo em pé", ou "ser mandado embora
de volta".
Esse verbo, portanto, apresenta maior elasticidade de sentido que o anterior, podendo, inclusive, ser
interpretado como "ressuscitar"; com efeito, não só a ressurreição pode ser compreendida um "despertar do sono da morte" (egeÌrÙ, que é o mais exato tecnicamente), como também pode ser entendida
como um "levantar-se" de onde se estava deitado (o caixão); ou como um "tornar a ficar de pé”; ou
como um "regressar ao lugar de onde se veio". No sentido de ressuscitar foi usado por Homero ("Ilíada", 24, 551), por Ésquiles de Elêusis ("Agamemnon", 1361), por Sófocles ("Electra", 139), etc.
No entanto, esse verbo anÌstÍmi apresenta outro sentido muito importante, e que geralmente é desprezado pelos hermeneutas, que procuram esconder as idéias originais dos autores, quando não estão de
acordo com a sua, e isso até em obras "cientificamente" organizadas (N„o estamos fazendo acusaÁıes
levianas. Para sÛ citar um exemplo moderno, tomemos a obra "Lexique de Platonî, publicada em dois
volumes (1964) pelas ediÁıes "Les Belles lettres" (portanto editora crítica, da qual se espera fidelidade absoluta ao original). Pois bem, nessa obra, preparada pelo padre …douard des Places, jesuÌta,
n„o figuram anístêmi, nem egeírô, nem o substantivo anástasis, nem qualquer outra palavra que signifique "reencarnaÁ„o" ...), e é o sentido de "reencarnar". Realmente, a reencarnação é um "levantarse" para reaparecer na Terra; é um "tornar a ficar de pé", e é sobretudo um "regressar ao lugar de sua
vida anterior". Nesse sentido foi bastante empregado pelos autores gregos. Anotemos, todavia, que
esse não era um verbo especializado nesse sentido, como o é, por exemplo, ensÛmatÛÙ ou o substantivo paliggenesÌa. Numerosas vezes é usado, mesmo nos Evangelhos, com a simples acepção de "levantar-se" do lugar em que se estava sentado (cfr. Marc. 3:26; Luc. 10:25; At. 6:9, etc.).
Daí a necessidade de interpretar, pelo contexto, qual o sentido exato em que foi empregado.
Ora, nos textos em estudo, os três sinópticos referem-se à opinião de Herodes com o mesmo verbo
egeÌrÙ (que sistematicamente traduzimos por "despertar", seu significado real e etimológico). No entanto, o próprio Lucas que empregou egeÌrÙ para exprimir a idéia de "ressurreição", nesse mesmo versículo 8, para exprimir o "regresso à Terra" de algum dos antigos profetas, muda o verbo, e usa anÌstÍmi ... Então, não era a mesma coisa: João "ressuscitara", despertara do sono da morte; mas o antigo
profeta "regressara à Terra", ou seja, em linguagem moderna, "reencarnara". E assim traduzimos, acreditando haver agora justificado nossa tradução afoita.
Para antecipadamente responder à objeção de que não havia esse rigor "literário" nos evangelistas,
queremos chamar a atenção para o verbo usado com referência a Elias. Era crença geral que Elias não
desencarnara, mas fora raptado num carro de fogo (cfr. 2.º Reis, 2:11). Ora, nesse caso especial, não
podia ser empregado egeírô (despertar dentre os mortos), nem anistÍmi (reencarnar); e de fato, nenhum
dos dois foi usado por Lucas, e sim um terceiro verbo: eph·ne, isto é "apareceu".
*   *   *
A Herodes não ocorria outra explicação mais plausível, em vista dos "poderes" (dyn·meis) espirituais
que se manifestavam, e de cujos resultados assombrosos ouvia falar com insistência. Realmente, enquanto Jesus permanecera em Cafarnaum e adjacências, sua fama aí ficara adstricta ao pessoal mais
humilde. Mas depois das excursões mais prolongadas, sobretudo após a ação conjunta dos doze emissários que se espalharam por muitas aldeias e cidades, os fatos começaram a atrair a atenção e admira-
ção gerais, tanto mais que, durante sua existência terrena João jamais operara prodígios nem fizera
demonstrações de curas, limitando-se seu ensino a falar e exemplificar.
Os "poderes" exprimem aqui (como em Marc. 5:30, em 1.º Cor. 12:10, 28, 29, em Gál. 3: 5 e em Hebr.
6:5) a faculdade, a força de realizar obras extraordinárias; e não as próprias obras em si mesmas (como
em Marc. 6:2, em At. 2:22; 8:13 e 19:11, em 2.ª Cor. 12:12, em Hebr. 2:4, etc.).
Entretanto, a opinião de Herodes não foi aceita concordemente pelos cortesãos, já que alguns diziam
que Elias reaparecera na Terra, e Jesus havia afirmado o mesmo em relação ao Batista, como lemos emSABEDORIA DO EVANGELHO
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Mat. 11: 4 ,3 17:10-13, e em Marc. 9:9-13, garantindo a reencarnação de Elias na pessoa de João Batista; o mesmo também foi confirmado por Lucas (1:17). Dizem alguns comentaristas ortodoxos (cfr.
Lagrance, "Le Messianisme", cap. 6, pág. 210-213), que essa assertiva de Jesus se prende a uma "saí-
da" do Mestre, para que Seus contemporâneos não Lhe objetassem que Ele não era o Messias, porque
Elias não viera antes! Então Jesus "inventou" isso. Até esse triste papel é atribuído a Jesus, por Seus
"representantes" na Terra, contanto que o pensamento deles não seja "atrapalhado" pelo ensino do
Mestre!
Mas outras vozes fazem-se ouvir: trata-se de um profeta, como tantos já houve em Israel; e mais: "é a
reencarnação de um dos antigos profetas" que teria regressado a seu povo, para reavivar o entusiasmo
religioso. Não obstante essas opiniões, que pretendiam desviar o tetrarca de suas apreensões, Herodes
insiste, amedrontado, em seu ponto de vista: "eu degolei (por "mandei degolar") João, mas ele voltou
do meio dos mortos". ... E procurava conhecer Jesus, para certificar-se da veracidade de seus temores,
com a secreta esperança de que não fosse João ... Mas só conseguiu esse intento por ocasião da condenação de Jesus (cfr. Luc. 23:8).
A atuaÁ„o de Herodes È tÌpica das personalidades ainda sem o contato Ìntimo com o Cristo: apavoram-se com as experiÍncias, temem o resultado de seus erros, supıem as mais absurdas coisas, olhando outras criaturas como abantesmas que as assustam. Obra do remorso que lhes estrangula o consciente e que, sufocado de um lado, surge de outro, como as cabeÁas da Hidra de Lerna.
A personalidade, que vive presa na materialidade, julgando real apenas o curto perÌodo de uma existÍncia terrena, amedronta-se diante de qualquer ocorrÍncia que lhe pareÁa comprovar uma sequÍncia
da vida apÛs a cadaverizaÁ„o no t˙mulo. A voz da consciÍncia fala em silÍncio, mas nem por isso deixamos ‡ e ouvi-la, pois È mais forte que os ruÌdos de que nos possamos cercar externamente para
abaf·-la.
DaÌ a necessidade absoluta de aniquilarmos n„o a consciÍncia, mas a personalidade, mergulhando
em busca do Cristo Interno que em nÛs habita. SÛ assim nos libertaremos do medo. O desconhecimento dessa verdade leva a esses paroxismos angustiosos, e como os involuÌdos sÛ conhecem a personalidade, esta È temida.
Verificamos que Herodes n„o teme a realidade, mas aparÍncias: n„o tem medo da individualidade
eterna (que ele nem sabe existir), mas se apavora diante das personalidades palp·veis e visÌveis (˙nicas que conhece). O temor do tetrarca refere-se a um reaparecimento da personalidade do Batista,
entidade concreta que o aterrorizava. Assim, hoje, o ser imaturo teme a polÌcia, n„o o EspÌrito; tem
medo das enfermidades e da morte, e n„o das consequÍncias mais remotas de seus erros na existÍncia
seguinte.
Ao lado disso, comprovamos o medo p‚nico que os involuÌdos tÍm, naturalmente, do plano astral: dos
fantasmas, das ameaÁas de espÌritos atrasados, dos "lobisomens", etc., sem experimentarem o menor
receio da Lei de Causalidade, t„o rigorosa em seus efeitos, depois que "plantamos" as causas. Escondem-se de um homem para que os n„o veja praticar m·s aÁıes, e n„o se d„o conta de que o Cristo
Interno, habitando dentro deles, È permanente e silenciosa testemunha de tudo o que fazem, embora
sozinhos, embora trancados num quarto ‡ noite, embora apenas em pensamento ...
Outro ponto ainda a considerar È que, nesses ambientes, os seres jamais ficam de acordo: cada um
tem sua opini„o, que procura fazer prevalecer acima da dos outros. DaÌ surgem as divergÍncias, as
discussıes, as separaÁıes, surgindo sÈrias controvÈrsias que os tornam atÈ inimigos, levantando-se
perseguiÁıes de uns contra outros. Comportamento totalmente diferente ocorre no ‚mbito das individualidades cÙnscias de si: todos os grandes mÌsticos, de qualquer religi„o ou seita, do oriente e do
ocidente, dizem a mesma coisa, falam a mesma lÌngua espiritual, qualquer que seja a Època de sua
vida terrena, acreditam nas mesmas verdades, unem-se ao mesmo Pai que em todo habita.C. TORRES PASTORINO
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JESUS É SEGUIDO
Mat. 14: 13-14
13. Tendo Jesus ouvido isso, afastou-se dali
num barco para um lugar deserto, sozinho;
e quando as multidões o souberam, seguiram-no das cidades, por terra.
14. E Jesus, ao desembarcar, viu grande multidão, compadeceu-se dela e curou seus enfermos.
Marc. 6:32-34
32. E foram no barco sozinhos para um lugar
deserto.
33. E os viram partir e muitos os reconheceram; e correram para lá a pé de todas as cidades (e lá chegaram antes deles).
34. Ao desembarcar, viu Jesus grande multidão
e compadeceu-se dela, porque era como
ovelhas sem pastor; e começou a ensinarlhes muitas coisas.
Luc. 9: 11
11. E ao saber isso, a multidão seguiu-o; e tendo-a Jesus acolhido, falou-lhe do reino de
Deus, e curava os que tinham necessidade
de cura.
João 6:1-4
1. Depois disso, Jesus atravessou o mar da
Galiléia, que é o de Tiberiades.
2. Grande multidão seguia-o, porque tinha
visto os sinais que operara nos que se achavam enfermos.
3. Jesus subiu ao monte,  e ali se sentou com
seus discípulos.
4. E estava próxima a Páscoa, festa dos Judeus.
Duas razões principais levaram Jesus a afastar-se da Galiléia, dominada por Herodes Antipas.
A primeira foi proporcionar aos discípulos, que acabavam de regressar de um giro de pregações e curas, um pouco de repouso longe das multidões sofredoras e sequiosas de conhecimento (cfr. Marc.
6:30-31 e Luc. 9:10).
A segunda foi discretamente colocar-se fora do alcance do tetrarca, que já ouvira falar Dele (cfr. Mat.
14:1-5; Marc. 6: 14-16; Luc. 9:7-9) e que, segundo Lucas, "procurava conhecê-Lo". Ora, tendo ouvido
falar nessas coisas, e sobretudo no assassinato de João, julgou prudente dirigir-se para o território do
tetrarca Filipe, a leste do lago, rumando para Betsaida- Júlias (Mat. 14:22; Luc. 9:10). Esta razão, porém, não era assim tão importante, pois ao dia seguinte de manhã Jesus regressou a Cafarnaum.
Caladamente embarcou com os discípulos e iniciou a travessia.
Aconteceu, entretanto, que O viram  embarcar e observaram o rumo  que tomava. Ao verificar para
onde se dirigia, alguns mais entusiasmados resolveram segui-Lo por terra. A distância entre Cafarnaum e Betsaida- Júlias não chega a 10 km, que portanto podia ser coberta folgadamente por uma e
meia a duas horas (Marcos assinala que alguns "corriam a pé"). E em seu alvoroço alegre iam dando
notícia a todas as pessoas que encontravam pelas aldeias do caminho, e novos contingentes engrossa-SABEDORIA DO EVANGELHO
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vam a comitiva, de tal forma que, ao desembarcar, Jesus encontrou na praia pequena multidão que O
aguardava.
No barco, não havia pressa: iam descansar. Já haviam começado a conversar a respeito do que ocorrera
a cada um no giro. E assim a viagem transcorria suave e demorada.
Ao ver a massa que se comprimia, frustrando Suas primitivas intenções de repouso, Jesus não demonstra nenhum movimento de impaciência, antes: "compadeceu-se ternamente" (esplagchnÌsthÍ) e
começou a falar-lhes e a curar os enfermos. Aquela gente humilde, pobre, suarenta, desnorteada, deuLhe a impressão de "um rebanho sem pastor". E Monsenhor Louis Pirot ("La Sainte Bible", Letouzey,
Paris, 1946, vol 9, pág 472) escreve: "Jesus teve piedade dessa multidão; os que deviam esclarecê-la,
padres e doutores da lei, são infiéis à sua missão ou estão abaixo de sua tarefa. Preocupados, na maioria, unicamente nos proventos pecuniários que lhes renda seu sacerdócio, ou prisioneiros das tradições
dos Padres, que deformaram a lei e alteraram o verdadeiro espírito do mosaísmo autêntico, eles são
incapazes de guiar o povo para o Messias prometido que, no entanto, se apresenta em pessoa a Israel".
São palavras não minhas, mas de um Monsenhor católico. Mutatis mutandis ...
Diante desses fatos, Jesus sobe da margem para pequena elevação de terreno (João, vers 3) e ali come-
ça a falar.
As horas passam, e todos permanecem embevecidos, presos a seus lábios "que falavam palavras cheias
de amor" (cfr. Luc. 4: 22). Os enfermos, revigorados na saúde, já podem permanecer ali sem maiores
sofrimentos.
Frequentemente a individualidade sente imperiosa necessidade de recolher-se a um lugar isolado,
levando consigo apenas seus veÌculos, para dedicar-se ‡ meditaÁ„o e ‡ prece, para auscultar a "voz
do coraÁ„o", para responder ‡s d˙vidas de seu intelecto, para atender ‡s necessidades de suas emo-
Áıes ensinando-as a controlar-se, para aliviar as tensıes de suas sensaÁıes exacerbadas nos embates
da vida.
Mormente apÛs viagens de pregaÁ„o ou perÌodos de trabalhos mais intensos (ou apÛs cada perÌodo
encarnatÛrio na Terra), aparecem sintomas desagrad·veis, agregaÁıes fluÌdicas, cansaÁo cerebral,
perturbaÁıes emocionais; e sair da "multid„o" para o isolamento do silÍncio e da meditaÁ„o, em
contato com o Eu Profundo È o remÈdio eficaz.
No entanto, nem sempre se consegue isso. Quantas e quantas vezes, exaustos e confusos, vamos ‡ procura de repouso e, em lugar dele, encontramos outra "multid„o" ‡ nossa espera, pedindo favores, suplicando conselhos, solicitando "passes", expondo-nos d˙vidas, jogando-nos em cima seus problemas
... Cabe a nÛs aprender a liÁ„o que nos È aqui ensinada: n„o aborrecer-nos, nem sequer impacientarnos. Olhar sempre os sofredores como "ovelhas sem pastor" e segurar o b·culo do serviÁo, compadecendo-nos de todos os que, ainda presos ‡s ilusıes do corpo e da matÈria, se crÍem injustiÁados.
Mas a liÁ„o tem outro pormenor: o atendimento tem que ser multiface. Em primeiro lugar, o ensinamento, para que o conhecimento apague d˙vidas; depois a cura dos males; em seguida (ve-lo-emos no
prÛximo capÌtulo) o atendimento social. A import‚ncia da urgÍncia e da necessidade de cada um dos
passos È ensinada pela ordem em que foi executada pelo Mestre: 1.º O ensino (alimento do espÌrito); È
o atendimento mais elevado e imprescindÌvel, que se pode dar ‡ humanidade; 2.º a cura das enfermidades (realizada em grande parte pelo conhecimento adquirido com o ensino dado, que desperta a fÈ
e refaz o equilÌbrio); e em 3.º lugar (o ˙ltimo) o atendimento social (alimento do corpo que lhe refocila as forÁas fÌsicas, para dar-lhe energias, a fim de prosseguir na luta di·ria.
*   *   *
Outra interpretaÁ„o. Nosso Eu ou individualidade jamais deve cansar-se de atender ‡s necessidades
de seus veÌculos, nem de perdoar seus erros. Por vezes, sabemos que È mais difÌcil perdoar a si mesmo, que fazÍ-lo aos outros. Apesar de toda imperfeiÁ„o e incapacidade de nossa personalidade,
aprendamos a suport·-la, ensinando-lhe a evoluir, atendendo-a com amor, sem nervosismos nem an-C. TORRES PASTORINO
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g˙stias, quando ela se mostra incapaz de atingir o alvo que desejarÌamos; demos-lhe o ensino paciente, sem dela exigirmos mais do que possa dar de esforÁo; alimentemos-lhe a fome de conhecimento
com palavras simples, demonstrando que a evoluÁ„o È realmente coisa penosa e difÌcil, carecente de
carinho e ajuda.